Primeiramente, é fundamental frisar: estar sozinho não é sinónimo de solidão. Embora facilmente confundidos, estes conceitos são muito diferentes e é importante deixá-lo claro. A solidão, pode ser mesmo difícil e dolorosa, não a desejo a ninguém. Já o “estar sozinho”, apesar de parecer assustador, tem muito que se lhe diga no que toca a benefícios para a nossa evolução pessoal. E como acho que queremos todos construir, a cada dia, uma versão de nós próprios que seja melhor do que ontem e pior do que amanhã, aqui fica uma reflexão sobre: porque temos de aprender a estar sozinhos?
Se estás a ler isto e fores uma pessoa de pessoas, auto-diagnosticada com dependência de partilha, a ideia de estar confortável, e mais do que isso, feliz, com a tua própria companhia pode parecer estranha, distante e desnecessária. Pois, *and let me hold your hand while I say this*, não é.
O aparente silêncio que encontramos nos momentos que passamos connosco mesmos traz consigo uma valiosa melodia de autoconhecimento. Assim que nos permitimos ficar, por mais brevemente que seja, na nossa bolha, damos abertura a um exercício muito importante: a introspeção. Não quero com isto, de forma alguma, incentivar ninguém a pensar demasiado em coisas que não merecem essa atenção. Convido-vos, antes, a disfarçarem a mente de pequena detetive e a tentarem descobrir mais sobre a pessoa que ocupa o corpo físico que conhecem tão bem.
Quem sou? O que quero da vida? Qual é o meu propósito? Tudo perguntas que só conseguiremos algum dia responder se aprendermos a estar sós. Isto porque, se há uma lista de coisas que ninguém pode fazer por nós, encontrar resposta para estas questões está de certeza lá presente.
Saber apreciar a própria companhia está diretamente relacionado com estarmos em paz connosco mesmos, sem precisarmos constantemente de validação externa. Tudo variáveis que influenciam a construção da autoestima, amor próprio e independência emocional. Coisas que, tal como o ar que respiramos, não conseguimos viver (bem) sem.
Dito isto, a história repete-se: a chave está no equilíbrio. Assim como é inegável a importância de investirmos tempo a cuidar de nós mesmos e escolhermos, por vezes, estar sozinhos para nos entendermos, a vida, assim como a conhecemos, só faz sentido se partilhada com pessoas que contribuem para o nosso crescimento e felicidade. Nunca esquecendo o que disse Christopher McCandless uma vez, happiness is only real when shared. Portanto, aprendamos a estar sozinhos sem sentir que falta algo, para que possamos viver juntos e perceber que temos tudo.
Beatriz Fernandes
Aluna do 2º ano de Ciências da Comunicação na FLUP e Bolseira Gulbenkian
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