Crazy Dates – Ep 4

Acto 2 

Vi o W desaparecer na estação e pensei: “Pronto, já estou na minha era Bridget Jones meets episódio especial de comédia amorosa patrocinada pela Via Verde.” E sim, estava mesmo. Coração aos pulos, razão de férias. Passei mais um fim de semana com ele em Lisboa — daqueles dignos de filme antes do clímax trágico. Teve de tudo: cena estilo Titanic num barco (sem icebergue), concerto descalços na relva ao som de Diana Krall, e uma entrada triunfal numa discoteca onde acabei por expor mais do que só o decote.

E no meio disto tudo, eu lá, toda sincera, pedi-lhe para não brincar com os meus sentimentos. Drama? Sim. Mas com classe. E ele? Dava sinais que gritavam à la Great Gig in the Sky da indisponibilidade emocional. Cenas extra: cinco meses de migalhas emocionais. E eu, uma romântica, a confundir atenção com intenção e emojis com afeto. 

Ele dizia que gostava de mim… mas “não era o momento certo”. E eu, crédula, entreguei tudo: coração, esperança e mais vulnerabilidade do que um story sem filtro.

Red flags? Vi um arco-íris completo com luzes de néon e ainda achei bonito. Idealizei reencontros épicos à chuva com violinos ao fundo e vestidos a esvoaçar como num filme da Keira Knightley. 

Disse-me que não queria uma relação por causa da distância. Fofo, pensei eu. Poético. Quase romântico. Até que — plot twist — mal ele teve oportunidade de encurtar essa distância… encurtou. Com outra.. E eu? Fiquei ali, feita playlist esquecida no Spotify: disponível, mas em pausa.

Ele dizia-me frases dignas de Oscar: “I did and do have very real feelings for you”, “It’s hard when we’re not together, but I’m not giving up”, e o clássico “I don’t want to see other people”. Na realidade era multitasking emocional, um verdadeiro talento.

Fiquei presa num trauma bond, pendurada no telemóvel à espera de uma notificação, como se o WhatsApp fosse um oráculo e ele um messias prestes a ter uma epifania.

Chorei como se o drama fosse escrito por Dostoiévski com a banda sonora da Amy Winehouse. Oscilei entre “como me deixei enganar?” e “será que ele é um sociopata ou só frequenta workshops de manipulação emocional nas horas vagas?” 

A verdade é que ele nunca esteve indeciso. Só não me escolheu. E isso doeu. Doeu como se tivesse levado uma bofetada da vida com efeito retardado.

A maior lição? Há coisas que só se aprendem com um desgosto bem servido, uma taça de gelado e todos os teus amigos, terapeuta e o teu cão (se conseguisse falar) a dizerem “tu mereces melhor” em coro. Se alguém não está pronto, não importa o quanto esperes, ames ou tentes justificar— essa pessoa nunca vai estar onde tu já estás.

O amor não deve ser um casting onde estás à espera de ser escolhida para o papel principal. O amor verdadeiro não é ansiedade com glitter. Amor é clareza, é leveza, é presença, é uma escolha consciente. Não é um escape room emocional onde te deixam sozinha, sem pistas, à espera que adivinhes o caminho.

Aprendi que amor verdadeiro não está em passeios de balão ou passeios de cavalo com um chapéu de unicórnio. Mora na consistência, no respeito e na paz que alguém nos traz — não na ansiedade que nos deixa aos soluços às três da manhã.

Idealizar alguém é criar uma versão distorcida com base nas nossas expectativas, não na realidade. E, muitas vezes, acabamos por ignorar sinais de desinteresse, prendendo-nos a uma ilusão. A verdadeira conexão acontece quando conseguimos olhar para o outro sem filtros ou ilusões — com falhas, manias e tudo o que vem junto — e, mesmo assim, sentir que faz sentido. Porque, no fundo, ninguém é perfeito.

Se um dia tiveres de escolher entre o drama e a paz, escolhe sempre a paz. E se for possível, faz isso ao som de uma playlist que te faça sentir imbatível e com uma boa dose de amor próprio. Porque o amor saudável não te faz sentir invisível, em competição ou como se fosses um acessório da season passada. Ele faz-te sentir inteira, poderosa e à vontade na tua própria pele. E isso, my dear, é o que chamamos de revolução romântica.

No final, tudo se resume a uma única palavra: aceitação radical. Aceitar que as coisas nem sempre acontecem como planeamos, que também cometemos os nossos erros, e que, por vezes, as melhores intenções podem ser mal interpretadas. Mas tal como nas amizades, devemos escolher quem também nos escolhe — quem cuida, quem acrescenta, quem respeita.

O amor é um presente que só pode ser dado livremente, sem exigências ou pressões. Ele pertence a ti, e é essa liberdade que o torna único. Não podemos forçar ninguém a sentir o mesmo, mas, ao aceitar essa verdade, encontramos o que estava sempre destinado ao seu fim: um novo recomeço. Porque no fim do dia, o amor mais importante é o que damos a nós mesmas — e esse, eu nunca mais vou desperdiçar. 

Em relação aos próximos episódios, apesar de continuar jogar-me de cabeça nas aventuras, aprendi tanto com essa experiência que os mesmos erros nunca mais se repetem.
Prontas para descobrir o que aconteceu? 

Joana Costa

#TheGlitterDream