Gen-Z sobre: moda e diversidade intelectual

É inegável a importância da discussão sobre moda inclusiva a que se tem dado palco nos últimos anos. A Gen-Z, voz encorajadora da mudança, representa um valioso motor na evolução desta indústria através das ações que desenvolve nas apps-aliadas que usa como megafones. Contudo, para resolver um problema estrutural não podemos começar a coser só de um lado. A chave para o progresso? diversidade intelectual. 

Se queremos ver representatividade, quer em campanhas quer em desfiles, é urgente que se abra espaço para diferentes pontos de vista. Mais do que alterações exteriores, há que promover ajustes interiores e quero com isto dizer, que a mudança começa na mente. À semelhança do que escreveu um dia Antoine de Saint-Exupéry, o essencial é invisível aos olhos. 

Pense-se no exemplo do jornalismo de moda: Afinal, quem fala dela? Quem comunica o que se cria em estúdio e o que se apresenta mais tarde ao público? É preciso, no panorama atual, criar abertura para a diferença também na escrita. Diferentes culturas, origens e cenários levam muitas vezes a diferentes pontos de vista e conclusões. É improdutivo entregar toda a fashion press a vozes europeias ou norte-americanas, se a própria moda é uma fusão de culturas de todo o mundo. É claro que, quando lemos algo, não julgamos esse texto pela nacionalidade de quem o escreve, mas é importante sabermos que o material que surge e ao qual temos acesso não vem de um único sítio. A moda é uma junção de perspectivas e uma combinação de diversos backgrounds

E para além de quem a escreve, falemos de quem a cria. Na realidade, é mesmo este o cerne da questão. Quem tem a ideia? Quem desenha? Quem produz? Se não houver uma primeira wake up call aqui, dificilmente haverá nos níveis posteriores. Volto a referir: a diversidade não está só no exterior. 

Se a moda é um motor alimentado pelo combustível da criatividade, ganha-se muito mais ao juntar pessoas com diferentes visões e opiniões do que fazê-lo com pessoas que pensam todas de forma igual. Coisas incríveis surgem porque não pensamos todos da mesma forma. Se o objetivo é trazer à tona algo nunca visto, tem de se sair da caixa. E qual a melhor forma de sair da caixa? Ter uma mente aberta e explorar a magia do contraste. 

Ainda bem que não pensamos todos da mesma forma, já que assim ganhamos a oportunidade de aprendermos uns com os outros. A moda, tal como a vida, é sobre uma troca mútua que vem acrescentar. Deixar que esta se anule por um sistema standard seria, pelo contrário, um ato de subtração.  

Beatriz Fernandes
Aluna do 2º ano de Ciências da Comunicação na FLUP e Bolseira Gulbenkian
#TheGlitterDream