Já ouviste falar de ecoísmo? Provavelmente não. Mas se já conheces o termo narcisismo (e quem não conhece, em 2025?), então vale a pena prestar atenção ao seu oposto, ou melhor, à sua sombra.
Ecoísmo é o hábito de se apagar. É o padrão de pôr sempre os outros em primeiro lugar, evitar qualquer tipo de destaque, fugir do elogio, engolir opiniões e, muitas vezes, deixar de ocupar o próprio espaço. Pessoas ecoístas não querem ser um problema. Mas, às vezes, esse esforço para “não incomodar” torna-se exatamente isso: um problema.
O termo vem da mitologia grega, claro. Eco era uma ninfa que se apaixonou por Narciso. Só que ele estava ocupado demais a apaixonar-se pelo próprio reflexo. Eco ficou tão obcecada por ele que acabou por desaparecer, restando apenas a sua voz. Sim, drama. Mas também metáfora perfeita.
Na psicologia moderna, o ecoísmo não é uma “doença”, nem um diagnóstico oficial. É mais um traço de personalidade que, muitas vezes, se desenvolve em quem cresceu à volta de pessoas muito narcisistas. Imagina crescer num ambiente onde ocupar espaço é perigoso, onde chamar atenção traz castigo, onde ser visto é arriscado. Resultado? Aprende-se a desaparecer.
Pessoas ecoístas tendem a ser hiperempáticas, inseguras em relação ao seu valor, desconfortáveis com elogios e constantemente preocupadas em não “dar trabalho”. Parece gentil e é, mas também pode ser exaustivo. Porque há uma diferença entre ser humilde e não se permitir existir.
Isto significa que quem tem traços de ecoísmo está condenado a viver em silêncio? Nada disso. Mas é preciso aprender a reconhecer esses padrões. Entender que ocupar espaço não é egoísmo. Que dizer “não” não é ser má pessoa. E que receber amor, atenção ou sucesso não é um crime.
Numa cultura que grita “ama-te a ti mesmo” a cada scroll, o ecoísmo é o sussurro que diz “não faças ondas”. Mas talvez esteja na hora de fazer algumas.
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