Crazy Dates – EP 5

Tudo começou com um apagão. Literal. A cidade às escuras. Torres de Wi-Fi de luto. E eu ali, entre velas e o meu livro, a refletir sobre a vida como quem espera um sinal do universo. Mal sabia eu que esse sinal ia chegar através de um TikTok.

Como boa prepper, assim que as luzes voltaram decidi fazer o meu scroll no TikTok à procura de respostas para entender o “blackout” e eis que aparece o rapaz do vídeo, vamos chamar-lhe “O”, que estava meio perdido. Literalmente. E emocionalmente, tal como eu descobriria mais tarde…

A dizer que tinha visto as notícias e tinha voo marcado mas parecia confuso, e eu, na minha vibe prestável, comentei: “No Porto já voltou a luz!” E pronto. Estava dado o primeiro passo para mais um episódio de Crazy Dates. 

No mesmo dia, já estávamos a beber um copo. Casual. Sem nada na agenda, se é que me entendem…

Mas ele começa com …. “Hello sexy” e eu a pensar para mim “pronto, outro daqueles que acham que isto é garantido, e vai já aprender a sua lição”. Levou com o maior corte da vida dele. Cordial, claro.

A primeira noite foi bem tranquila, fizemos um novo amigo que se juntou a nós e passou a noite toda connosco – o T! Foi uma noite divertida, uma terça no Porto com música até às tantas da manhã…

Levei-o a casa. Ele sentiu que havia química. Eu senti que… ele tinha bochechas vermelhas. Estava nervoso e quase incrédulo que eu não queria um beijo. Mas respeitou quando eu disse que não estava à procura de mais um flirt de uma noite mas antes que queria conhecer alguém de verdade, com calma.

Ele respeitou e no dia seguinte, recebo uma mensagem longa, inesperada (quase uma análise de personalidade) onde ele dizia:

“Acho que somos muito parecidos, pelo que percebi até agora. Tu tens uma energia cheia de vida, estás sempre cheia de ideias, pensamento positivo, ambição… e também um fogo interior que se nota. Gosto de como mergulhas de cabeça nas coisas, só pela experiência e pela aventura. Pareces ser alguém que ama com tudo o que tem, que vive com intensidade – mas que por baixo dessa ousadia, também tem uma parte terna, vulnerável. Acho que procuras alguém que te veja de verdade. Mais do que conversas vazias ou ligações superficiais.”

E eu li aquilo com atenção. Era bonito. Sincero, até.

E eu a pensar: “Oh. Ok, ele prestou atenção.”

E claro, como mulher moderna com trauma leve e intuição afiada, entrei no modo FBI. Fui ver os TikToks dele.

E o que descubro? Que o O… FAZ VÍDEOS SOBRE CRAZY DATES.

Sim. Eu, a fundadora da rubrica Crazy Dates aqui no The Glitter Dream, prestes a virar conteúdo no canal de um homem que diz que não é player… mas que edita dates para likes.

E eu, que já fiz o mesmo… Decidi não dramatizar. O karma é lixado. Afinal, se há coisa que tínhamos em comum, era sabermos rir das nossas experiências embaraçosas – até as românticas.

No terceiro encontro? Conheci a mãe. Sim, a MÃE. DIVA. Vibrante. De mente aberta. Amei. Livre, leve, solta. Um espírito livre, a vibe era Frances Ha – para mim, pelo menos.

E passámos a noite a ouvir os trovões debaixo de uma pequena varanda no meio da chuva, sentados em cadeiras em fila… a falar e a ouvir boa música e a ficar encharcados como se nada disso importasse.

Nas mensagens, ele falava de monogamia. De voltar a Portugal.

Em ações: segurava a minha mão à mesa à frente da mãe antes de sequer me ter dado um beijo. O beijo aconteceu três dias depois. Na praia. Enquanto a mãe ia à casa de banho. Romântico, não?

E eu? Rendida. “Talvez desta vez seja diferente…”, pensei.

Prontas para descobrir o que aconteceu a seguir? A história ficou ainda mais louca (e, claro, cheia de surpresas).

Joana Costa
#TheGlitterDream