Bullying no trabalho: como lidar?

Vamos falar de um tema pelo qual muita gente já passou ou está a passar (e muitas vezes de forma silenciosa): bullying no trabalho.

Sim, o bullying existe fora da escola, e pode ser muito duro porque vem, com frequência, disfarçado de “brincadeira” ou “algo que faz parte do ambiente corporativo”. Mas é importante lembrarmo-nos disto: o trabalho não é um ringue, haver respeito é o mínimo.

Se estás a passar por uma situação destas ou conheces alguém que esteja vem comigo. Vou contar-te como podes identificar e lidar (sem perderes o teu brilho).

Primeiro passo: como saber se é bullying?

Nem sempre é óbvio. Às vezes, até podemos duvidar da nossa própria perceção. Por isso, partilho contigo alguns sinais clássicos de bullying no ambiente de trabalho:

  • Comentários negativos frequentes disfarçados de “brincadeira”
  • Seres excluída em reuniões ou eventos
  • Alguém que sabota o teu trabalho ou espalha intrigas sobre ti
  • Alguém que te desvaloriza à frente dos outros (ou pelas costas)
  • Controlo excessivo, críticas destrutivas, humilhações

Importa saber: O bullying pode vir de chefes, colegas ou até de subordinados. Não há cargos para este tipo de comportamento!

Se quiseres usar um nome mais técnico, toma nota: mobbing.
Este é o termo que os especialistas usam para falar do bullying no ambiente profissional — aquele comportamento repetitivo, tóxico e, muitas vezes, disfarçado, que visa excluir, humilhar, desgastar emocionalmente ou mesmo forçar a pessoa a sair da empresa.

Na psicologia e no direito do trabalho, o mobbing já é reconhecido como um risco sério à saúde mental. E o mais desafiante é que pode vir de forma subtil, como “pequenas” críticas diárias, que aos poucos corroem a autoestima e o bem-estar de quem sofre.
Não é drama. É real. E precisa ser levado (muito) a sério.

E porque pode ser tão difícil gerir?

Porque o trabalho é um espaço onde passamos uma grande parte do nosso tempo, no qual colocamos a nossa energia, entrega, objetivos, planos… Quando esse ambiente se transforma num campo emocional tóxico, a nossa autoestima e autoconfiança podem ficar muito afetadas, podemos começar a colocar em causa o nosso valor e/ou as nossas competências. Pode gerar também muita ansiedade, medo ou mesmo vontade de desistir de tudo. Mas, caso estejas a passar por algo semelhante, lembra-te disto: não estás sozinha e há (sempre) uma saída.

Ok, mas podes dar por ti a perguntar “o que posso fazer numa situação destas?”

Partilho contigo algumas estratégias para lidares com o bullying (ou mobbing) de forma prática e cuidadosa:

1. Integra isto: a culpa não é tua!

Este é o primeiro passo, e talvez o mais difícil (mas fundamental). Quando sofremos bullying é comum pensarmos: “será que fiz algo para merecer isto?” ou “se eu fosse mais forte e confiante, não estaria assim”.
Permite-te parar de alimentar esta espiral de pensamentos. O problema está no comportamento da outra pessoa — não está em ti. Ninguém tem o direito de te humilhar, diminuir ou desrespeitar. Em momento algum.

2. Documenta tudo

Anota datas, situações, o que foi dito, quem estava presente. Faz print de e-mails ou mensagens para que possa servir de prova. Não é paranoia, é uma salvaguarda pessoal.

3. Fala com alguém de confiança

Pode ser um colega, alguém dos RH, ou um profissional de saúde mental. Falar ajuda a validar a tua experiência e pensar em estratégias úteis para dar a volta à situação. E só quem já passou por isto sabe como o silêncio pesa.

4. Cuida da tua saúde emocional

Faz terapia, dá resposta às tuas necessidades como descansar ou conectares-te com pessoas que te apoiam. O bullying quer isolar-te, mas não precisas enfrentar isso sozinha.

5. Aciona os canais formais

Se a empresa tem um canal de denúncia permite-te usá-lo. Caso contrário, podes procurar o sindicato ou orientação jurídica, dependendo da gravidade.

6. Procura apoio profissional

Um psicólogo pode ajudar-te a entender melhor a situação, a fortaleceres a tua autoestima e cuidares das feridas emocionais que o bullying pode deixar. Fazer terapia não é sinal de fraqueza, mas sim de maturidade e inteligência emocional.

Ainda te lembras da primeira estratégia? Eu relembro-te (e sublinho): Saberes que a culpa não é tua é uma “virada de chave” — tanto emocional quanto prática — e pode até ajudar-te a recuperares a força necessária para procurares ajuda profissional ou denunciar.

E se nada mudar?

Algumas empresas (ainda) não levam estas situações a sério. Se o ambiente continuar tóxico e tiveres essa possibilidade, considera (seriamente) sair da empresa. Não é fraqueza, é autocuidado. Nenhum emprego vale a tua saúde mental!

3 notas finais:

– Quero que saibas que ninguém merece passar por isto.

– O teu valor não diminui por causa do comportamento tóxico de outra pessoa.

– Tu mereces um ambiente onde sejas respeitada, acolhida e valorizada.

Um beijinho,

Helena Paixão
Psicóloga Clínica
Founder&CEO da Clínica Helena Paixão:
Psicologia, Mindfulness & Desenvolvimento Pessoal
Autora do livro O Poder do Autocuidado

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