Geração-Florescer: a procura incessante pela melhor versão

Para a geração Z, é um imperativo constante. Faz parte dos objetivos que guiam as suas vidas e atua como uma âncora em fases de nevoeiro. Não é fácil, não é direto, mas a possibilidade de descoberta durante o caminho é o que a torna uma tarefa interessante. Mas afinal, o que é isto de procurar a nossa melhor versão e porque é que devíamos todos aderir?

Na realidade, como seres humanos, à partida já o fazemos, ainda que inconscientemente. Talvez o conheçamos por “busca pela felicidade”, e na prática não é assim tão diferente, só que esta prática de que vos falo (ou escrevo) vai além disso. Encontrar a nossa melhor versão é estarmos conectados com o nosso pleno-ser e tentarmos superar-nos a cada dia. Afinal, a única competição de que precisamos verdadeiramente somos nós mesmos e, sem querer chegar a nenhum exagero perigoso, é desse mindset que precisamos para fazer as coisas acontecerem. 

Enquanto Gen Z, sei que o ecossistema social de que fazemos parte praticamente “obriga” a que estejamos sempre em movimento, a encarnar o epítome da perfeição e da produtividade e a nunca estagnar. É claro que vestir esta pele como uma obsessão não é saudável mas, se pensarmos sobre, o conceito a ela associado de “tentar ser melhor todos os dias” até é, e devíamos mesmo adotá-lo. 

Temos todo o direito a dias só para “existir”, sem pressões alheias nem preocupações excessivas, há que estar consciente disso e permiti-lo, por uma questão de sanidade. Só que, no fundo, e é esse lado específico que destaco desta vez, o ser humano é um diamante em bruto que, à semelhança de qualquer pedra preciosa, para atingir o seu auge e revelar toda a sua luz, precisa de ser lapidado. Assim, a caminhada que fazemos na Terra nada mais é que o lapidar do nosso “eu” enquanto diamante em bruto. Todos nascemos com potencial e características únicas que nos diferenciam e tornam especiais, mas é através da aprendizagem, da vivência, da tentativa-erro e do autoconhecimento que nos vamos “lapidando” e transformando. A tal procura pela melhor versão que centra toda esta reflexão. 

E apesar de ser uma “procura” e remeter para um destino, isso não existe. Como referi acima, é precisamente a ideia de continuidade que torna esta tarefa interessante, mágica até. É impossível chegar a um ponto final na jornada do best-self porque somos seres profundamente insaciáveis, há sempre algo a melhorar, e isso é bom. A designada “melhor versão” é autêntica, honesta e em constante construção. De facto, acho que a melhor versão de cada pessoa é a versão que simplesmente acredita e trabalha no sentido de o ser. Sem ultrapassar limites, sem nunca perder respeito por si e pelo outro, mas sempre na certeza de que consigo e vou ser melhor que ontem e pior do que amanhã. 

Dito isto, florescer é cíclico, natural e bonito. É uma entrega independente, imperfeita e genuína que mostra que o que há de mais glitter nas pessoas talvez seja mesmo terem tanto em comum com flores. 

Beatriz Fernandes
Aluna do 2º ano de Ciências da Comunicação na FLUP e Bolseira Gulbenkian
#TheGlitterDream