Esqueçam o clássico “Queria? Já não quer?”. Apesar do empregado saído do “malucos do riso” ser indiscutivelmente irritante, está bem longe do top de coisas menos agradáveis que já me aconteceram num restaurante:

Cabelo na comida, não é o prato nosso de cada dia, e ainda bem, mas, quando acontece, qual efeito borboleta, faz com que nunca mais ponha os pés no restaurante em causa. Felizmente deixou de me acontecer tantas vezes quando mudei de shampoo.

Picante. Sempre que entro num restaurante e me deparo com uma orgia… Brincadeira… Estou a falar do picante literal, mais concretamente daqueles restaurantes que em vez de terem um preparado caseiro que torne as comidas mais “fortes e saborosas” , têm a displicência de nos colocar à frente uma embalagem de “Tabasco” ou de outro qualquer preparado industrial, que se sobrepõe ao sabor da comida. Nesse momento o único molho que uso é o do ressentimento.

Profissionalmente, trazem o galheteiro, já que o prato pedido assim o exige, mas por artes mágicas o azeite não ocupa nem um décimo da pequena garrafa, ao contrário da do vinagre que está cheia. Nunca na história da restauração serviram menos vinagre do que azeite. Isto é tão comum que não é critério para ir ou não a um sítio, mas é algo que chateia esta necessidade de pedir constantemente o reforço do valioso líquido.

WC. Desculpem colocar este ponto, mas se vou a uma casa de banho, do restaurante e a sanita parece que participou numa guerra, que claramente perdeu, não regresso. É o que dá ser um pacifista.

Restaurantes que impõe ao cliente o prato que vai comer. Estão familiarizados? “João, vais experimentar umas pataniscas que são uma maravilha e não sais daqui sem provar o arroz de lampreia”.
Para não ter voto na matéria sobre o que vou comer, então para a próxima como em casa.

Quando o empregado pergunta se é para partilhar. Não amigo. Só seria para partilhar se estivesse a comer com a minha nutricionista.

Quando demoram imenso tempo a trazer o prato principal. Ou, dito por outras palavras, quando estamos a pensar “Olha… Aproveito e em vez de almoçar, já janto”.

Quando os copos ou pratos têm um cheiro característico. A não ser que, por coincidência das coincidências, seja o mesmo cheiro que a bebida ou comida que estamos a usufruir, o fato de estar a beber uma água enquanto cheiro o mofo por terem mantido a loiça na máquina de lavar tempo a mais, faz-me ter vontade de mandar a água para trás e pedir algo que saiba realmente a mofo para fazer sentido.

Não tem MB. “Mas não se preocupe que tem uma caixa de multibanco a 3 quarteirões”. Top. Muito obrigado, agora que diz isso fez-me lembrar que tem também um restaurante que gosto muito ao lado dessa caixa de multibanco.

Clientes especiais. Lembro-me de estar na fila, numa famosa pizzaria de Matosinhos que não tinha take away, nem aceitava marcações e vejo um jogador do meu clube passar à frente de todos para ir buscar a sua pizza. Se fosse tão esperto em campo como naquele restaurante tínhamos sido campeões. Toda a gente que estava na fila abandonou o espaço. Clientes unidos, jamais serão vencidos. Ficam é com fome.

Normalmente o meu ar de pobre, faz com que a conta não atinja valores imprevistos, mas já me aconteceu ir a uma marisqueira com uma figura publica, de dimensão mundial, e uma refeição, que não passaria os 200 euros, atingiu o meio milhar. 500 razões para não voltar lá.

Ainda no momento da conta, chegou a moda de nos colocarem o terminal à frente e perguntar diretamente se queremos dar gorjeta e qual o valor para marcarem ali. Vai uma pessoa saciar o apetite e acaba a fazer um teste de personalidade. Como a minha é fraca, dou sempre. Como não é parva, não volto.

Sair do restaurante com fome e ir comer a outro lado. Isto é o equivalente a sair da praia e ir a correr para o solário.

O menu não está em Português. De entre as razões que me deram para saber línguas não constava a de poder ir comer ao novo restaurante pretensioso da cidade. Deixo os restaurantes para turistas para eles.

João Pinto Costa

#TheGlitterDream